29 de setembro de 2009

memorial do dia 14 de outubro de 1970 (impressões embrionárias)

Acho que foi mais ou menos quando os Beatles terminaram que eu comecei.


De lá de dentro da barriga da mamãe, teve um dia que ouvi um grito de "goooool..." Era uma descoberta pra mim, esse negócio de ouvir. Tinha desenvolvido recentemente essa, digamos, percepção. Aproveitei para dar meu primeiro chute.


Mais ou menos um mês antes, o Jimi Hendrix fez sua última apresentação. Mais ou menos 21 anos depois, eu o homenageei batizando meu cachorro com esse nome.


A Janis Joplin morreu dez dias antes de eu nascer. Eu sempre gostei de Mercedes-Benz.


Uma semana antes, um militar socialista tomava o poder na Bolívia.

Três dias antes, o arquipélago de Fiji proclamava a sua independência.

Aí, eu nasci. Sei apenas que era o dia dedicado a São Calisto, religioso de devoção dos católicos. Interessante que o tal santo veio ao mundo escravo, comeu o pão-que-o-diabo amassou e acabou virando papa. Ah, sim, as catacumbas dele são as mais visitadas de Roma.

Dez dias depois, Salvador Allende assumia a presidência da República, no Chile.

E um mês depois, no aniversário da minha mãe, é que era o dia certo d'eu nascer. Não quis ser escorpiana não, apesar de ter aprendido a soltar meus veneninhos quando necessário.


A partir daí... Tudo é, literalmente, memorável.

20 de setembro de 2009

20:09, 20/09/2009

Agora são 20h09 do dia 20/09/2009.

Achei que podia ser importante fazer esse registro agora, uma vez que acabei de olhar no relógio e a hora me fez recordar a coincidência.

E eu acredito em coincidências.

11 de setembro de 2009

escatológicas

Plena sexta-feira, sabe como é... Vamos lá.

Encontrar uma pessoa conhecida num banheiro público é sempre constrangedor. Principalmente se é alguém que você não vê há muito tempo ou que não viu quase nunca. E, mais ainda, se o nome dessa criatura não passa de uma diminuta penumbra num recôndito recanto de sua mente.
Descargas quase que simultâneas. Saídas no mesmo segundo. Encaradas encurraladas. Cabeça balança, olhos arregalam. Lava as mãos, vira pro lado, disfarça e...

- Olá!
- Ooooi!... Ahn... Querida!
- Tudo bem?
- Tudo!...
- Há quanto tempo, hein?
- Pois é...
- Quando foi a última vez que nos vimos?
- A última vez?
- Acho que foi naquele barzinho lá na Asa Norte, não foi?
- É... Ahn... Foi! Foi isso mesmo...
- Mas não era dentro do banheiro! Hahahaha!
- Hahahaha... Não era...
- Mas tenho certeza que foi lá.
- Foi, foi.

Sorrisão observando, imóvel; meus dedos pingando com leve aspecto de maracujá passado.

- Você me dá licença? Preciso enxugar as mãos.
- Claro! Uma toalha ou duas?
- Três. Qualidade ruim, não enxuga nada, sabe como é.
- Hahahahaha! Você continua engraçada!
- Hahaha... Obrigada. Você também.
- Que bom!
- Eu vou indo então.
- Bom te ver!
- Ótimo...
- Tchau!
- Tchau.

Eu lá dentro, desfazendo-me de um inocente xixi. A mulher ao lado, concluindo seu plano maligno de detonar uma hecatombe nuclear. Descarga demorada. Muito demorada. Sai. Uma colega dela lavava as mãos, mas foi pega antes que pudesse reagir.

- Ai, menina, eu não consigo fazer fora de casa... É fogo!
(E combustível altamente inflamável)
- É eu também não sou nenhum reloginho.
(Apesar do tique-taque ser audível)
- Aí, quando sinto que a coisa vem, não dá pra segurar.
(Mas interdite o local, minha senhora!)
- Ah, é melhor não segurar mesmo não. Vai que depois não dá mais conta...
(O que você quer dizer com “não dá mais conta”?)
- É menina, resolvi meu problema agora!
(E criou um outro enorme para a camada de ozônio)
- Fez muito bem.
(Não, de novo não!)
- Hihihihihi!
(Esse xixi não acaba?)