23 de fevereiro de 2012

Sobre trombas e probóscidas

Hoje a tromba de elefante deu o ar de sua paquidérmica graça. A borboleta, quando viu, recolheu seu canudinho delicado e fugiu, temendo perder a língua. Foi esconder-se longe das patas portentosas de seu gêmeo de probóscida, que pisoteava o chão seco para despertar terremotos e furacões de terra vermelha, num típico ataque de gigante fazendo birra.

Elefantes botam um bico como nenhum outro bicho. É por isso que, nessas horas, as borboletas desaparecem – se não miméticas em meio às pétalas das flores amigas, simplesmente viradas em egípcias, para que se possa ver apenas seu fio de perfil – nada mais discreto que lepidópteros de perfil.

O elefante morre de inveja. Queria ser admirado e suave como a borboleta. Mas não conseguiu ainda.