Depois que tudo terminou olhei para o relógio e apressei o passo. Queria chegar logo em casa. Apertei o botão do elevador. Entrei mas, menos de cinco segundos depois, a porta se abriu outra vez. Entrou um sujeito magrinho, de barbicha, com cara de office-boy da terceira idade. Dei um passo atrás. Ele se posicionou, calado.
O elevador desce, lentamente. Olho para o painel dos botões. Um visor marca a elevação da temperatura interna, de 28 para 29 graus.
“Que calor horrível está fazendo aqui dentro!” - pensei.
O painel acusa uma apertada estratégica de botões no primeiro andar. Vamos parando, mais devagar ainda, o que me leva a refletir, com os meus próprios botões.
“Já pensou ficarmos presos no elevador com esse calorão?”
O elevador para. A porta se abre.
Entra uma gordinha simpática, dessas sensuais, metida num tubinho preto e curto, de alcinhas. De cara, emplaca um sonoro
- Bom-dia!
Eu respondo.
- Bom-dia.
O office-boy continua mudo e imóvel.
O elevador desce.
- Que calor horrível está fazendo aqui dentro! – observa a gordinha.
Balancei a cabeça, achando graça.
- Já pensou ficarmos presos no elevador com esse calorão?
Eu sorri.
O elevador parou, descemos no térreo. Ela se precipitou, seguindo em natural disparada à minha frente. Quando olhei para trás, a porta estava se fechando novamente.
E o sujeito da barbicha ali. Parado.