5 de agosto de 2008

o trovador

Ele fala assim mesmo, de verdade,
Como se viesse de um outro século, esquecido no passado.
Engraçado.
Cheio de sentimento, elucubra, suspira,
Volta-se com uma filosofada
E conclui um poema seu (ou de outro)
Cheio de aspas, itálicos e travessões rococós.

Eu pensei que fosse brincadeira de assim, recém-conhecer,
Que criança faz pra se mostrar pras visitas.
Mas não era não.

Eu troço com ele:
É um trovador, um poeta errante,
O paladino temporão de tempos que nunca viveu.
De um lirismo imaginado
Que só os bondes de Santa Tereza, os chapéus-coco, as tevês de válvula e as máquinas de escrever podem lembrar.
Ele, ri, me acha graça, de sua meninice inata e sincera.

Mas, depois de muitas cólicas de alegria, distrái-se outra vez no etéreo,
Reencontra Rocinante e Sancho Pança na curva da nuvem,
Chora pra mim todos os seus sonhos insustentáveis,
Todas as suas vontades de envolver a galáxia com os dedos mindinhos,
Todas as suas aflições infinitamente sem solução...

E termina por resolver algumas das minhas.
Estranhamente,
As mais palpáveis e solúveis.

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