
A bailarina que existe em mim não se conforma com a girafa que eu sou. Tantas vezes quantas tente bailar, graciosa, pelos palcos, serão as vezes em que vai cambalear, grotesca, perdida, até encontrar o chão.
Esse desequilíbrio não tem fim.
Vento, nuvem, asa de borboleta, suspiro, algodão-doce, bolha de sabão, passarinho, folha de papel em branco, musiquinhas de ninar, pétalas de margarida, piscadelas de flerte, joaninhas e a pequena bailarina rodopiam sob a cúpula de cristal. O animal acuado inveja. Camelopardalis também está aqui, bailarina. Presa pra sempre numa jaula invisível.
O gigante caminhante vai, na lentidão de um filme triste, em direção a seu destino. As batidas do coração cortejam os tambores dos ancestrais longínquos, que cantam com alegria. Canções que exaltam os coloridos mágicos das terras distantes e para sempre amadas de África, que um dia abandonamos sem saber.
A bailarina chora de saudades da girafa.
Um comentário:
Que maravilha poder ser ao mesmo tempo girafa e bailarina...
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