
(Dessa vez, com a empáfia de parodiar Augusto dos Anjos. Desculpo-me de antemão. Mas foi inevitável.)
Quase meia-noite. No quarto de tevê, sono puro.
Meu Deus! E este morcego! Agora, olha isso:
Atravessou de um lado para outro, preciso,
Rodopiou pelo teto e sumiu no corredor escuro.
Não me mordeu a goela nem nada assim sensual
Que fosse vampiro, fantasiei com vontade,
Na bruta ardência orgânica da sede...
(Ando vendo tevê demais; melhor mudar de canal).
Cadê ele? – Digo – Ergo-me animada!
Vou com o gato, de lençol na mão, caçá-lo.
Empurro móveis, o olho arregalo,
Entro nos quartos, procuro, procuro e nada!
Ele não sabe que quero ajudá-lo... Chego
Bem perto. Lindinha bate um papo. Ele se senta,
Faz amizade, ri muito e diz que, de medo, está farto!
"A Consciência Humana é este morcego!
Por mais que a gente faça, à noite, ele entra,
Imperceptivelmente, em nosso quarto!"
Um comentário:
Sensacional!
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